Foi realizado um debate sobre cães abandonados e a problemática de seus ataques as criações de Caprinos e Ovinos da região do Araripe na IV Mostra de Caprinos e Ovinos no Campus da FACIAGRA entre os dias 25 e 27 de maio, onde aconteceram também, oficinas, cursos, palestras e exposição de animais.
Participaram do debate os seguintes convidados:
Wellington Erasmo, FACIAGRA e idealizador do debate;
Dr Luiz Maurício Sallviano da UNIVASF, Sr Edmilson, Associação Riacho Fundo, Francisco dos Santos, presidente da COCA, Everaldo Paixão, Vigilância Sanitária, Marquel Jacob, Patrulha Ambiental, Sanasara Modesto, AMPARA, Elbi, parceira da Patrulha Ambiental, Antônio Geandro, presidente da ASCON e Abdoran Rodrigues, presidente da ACOAR.
A superpopulação de cães é um problema socioambiental que afeta a maioria dos países, em maior ou menor grau. A equação é simples: existem mais animais do que lares para acolhê-los. Em busca de uma solução rápida, as autoridades da saúde frequentemente recorrem à eutanásia em massa. Milhares de animais são mortos, nem sempre de forma humanitária, por falta de informações, de incentivos e subsídios à métodos contraceptivos (castração) dos animais por parte de seus proprietários, órgãos municipais (raras exceções) e ONGs ligadas a proteção desses animais.
A OMS tem dado muita ênfase a este assunto complexo, classificando a situação dos cães e dos gatos errantes com base no grau de dependência e no nível de controle humano destes:
1. Cães restritos (supervisionados) – totalmente dependentes e controlados pelo ser humano;
2. Cães de família – totalmente dependentes e semi controlados;
3. Cães da vizinhança – semi dependentes e semi controlados;
4. Cães sem controle (sem supervisão) – semi dependentes e sem controle;
5. Cães asselvajados – totalmente independentes e sem controle humano.
Segundo o Comitê de Especialistas em Raiva da Organização Mundial da Saúde (OMS), reunido em 1992, a captura e o sacrifício de animais não representa uma medida de controle da doença, pois não atua nas principais causas do problema: a procriação descontrolada de cães e gatos e a irresponsabilidade ou ignorância dos seus proprietários.
De acordo com a opinião pública, 93,1% da população é favorável ao recolhimento dos animais de rua e apenas 5,8% aceitam a morte dos mesmos como solução. A cena do cão ou gato errante é extremamente comum nas ruas de nosso país e se não forem tomadas providências, só tende a se agravar. Os cães e gatos foram domesticados entre 10 e 15 mil anos AC. De acordo com pesquisa realizada na cidade de São Paulo, 59% das pessoas têm animais de estimação. Para quem convive com eles, certamente sabe que são amigos fiéis para todas as horas. Desta forma merecem respeito, pois somos responsáveis por eles. Todas as evidências científicas demonstram que os animais sentem dor e sofrem tanto quanto o ser humano e desta forma temos a obrigação moral de defendê-los.
Matar cachorro – ou qualquer outro animal – é crime, sim. Não importa se o animal é doméstico, domesticado, silvestre, nativo ou exótico. O que trata disso é o artigo Art. 29 da lei 9.605/98 que relata o seguinte: Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: A lei prevê detenção de três meses a um ano, além de multa, para quem “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar” qualquer tipo de animal.
A transformação do cão doméstico em selvagem é obra daquele que se autoproclamou o seu melhor amigo, o ser humano. Matilhas de cães domésticos caçadores são um fenômeno que ocorre em outras partes do mundo, e mais um sinal de desequilíbrio do Antropoceno (período mais recente na história da Terra, em que as atividades humanas começaram a ter um impacto global significativo no clima do planeta e no funcionamento dos seus ecossistemas), a era dos homens.
O problema é gravíssimo e ignorado. O cão é um hiperpredador porque tem uma população muito maior do que aquela que o meio ambiente pode suportar. Ele mata não apenas para se alimentar, mas por instinto. As vezes mata e não come.
Possíveis medidas discutidas de controle a serem adotadas:
Educação humanitária:
A proposta é educar as pessoas da importância da guarda responsável dos animais. Isto envolve o fato que os animais devem ser mantidos dignamente em boas condições de abrigo, alimentação e saúde, nos limites da propriedade de cada dono.
O trabalho educacional pode ser realizado em escolas, igrejas, associações de bairro ou de funcionários, e outros locais que reúnam qualquer segmento da sociedade, como nas feiras da saúde.
Castração:
Vantagens da Castração:
1) Diminui drasticamente o risco de doenças nas vias uterinas, do câncer de mama, útero, próstata e testículos;
2) Elimina a gravidez psicológica, comum em algumas fêmeas após o término do cio, o que ocasiona aumento das mamas (muitas vezes com edema), a produção de leite e irritabilidade excessiva;
3) Elimina o risco do câncer dos órgão genitais;
4) Diminui o risco das fugas e brigas, que podem acarretar acidentes graves e até fatais
5) Acaba com os latidos, uivos e miados excessivos que ocorrem por ocasião do cio;
6) Elimina os estados de excitação por falta de cruzamento.
Inserção de cães de proteção (Border Collie e/ou pastor alemão);
Os cães de pastoreio mais famosos e eficazes que existe.
Projetos de cerca elétrica;
Emiti pulsos elétricos de baixa voltagem em intervalos de 1 a 2 segundos, ou seja, aplicará um choque, mas sem ferir, causando um efeito psicológico no animal (existe Bancos com financiamento de placas de energia solar).
Prevenção:
Em virtude da educação da população a respeito do tema ser o meio mais eficiente para combater a superpopulação de animais dos municípios, provenientes da procriação indesejada e descontrolada, assim como o combate a outros problemas tais como: abandono, maus tratos, etc.
Antes de adquirir um animal, considere que seu tempo médio de vida é de 12 anos. Pergunte à família se todos estão de acordo, se há recursos financeiros necessários para mantê-lo e verifique quem cuidará dele nas férias ou em feriados prolongados e sua residência comporta um animal.
Adote animais de abrigos públicos e privados (vacinados e castrados), em vez de comprar por impulso.
Informe-se sobre as características e necessidades da espécie escolhida – tamanho, peculiaridades, espaço físico.
Mantenha o seu animal sempre dentro de casa, jamais solto na rua. Para os cães, passeios são fundamentais, mas apenas com coleira/guia e conduzido por quem possa contê-lo.
Lembrando que na ocasião do debate, ficou estabelecido que será realizado um encontro para discutir as ações concretas a serem desenvolvidas na região para o controle dos cães abandonados (errantes).
A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados.
Imagens: Google
Fotos: Patrulha Ambiental
Fonte: