Fernando Frazão/agência brasil
As classificações no levantamento, feito pelo Ministério do
Meio Ambiente, se dividem em três: alta, muito alta e extremamente alta. O
Estado tem a maior vulnerabilidade
Uma “radiografia” da realidade ambiental de Pernambuco
apontou 37 áreas de Caatinga, entre o Sertão e o Agreste, passíveis à
desertificação. As classificações no levantamento, feito pelo Ministério do
Meio Ambiente (MMA), se dividem em três: alta, muito alta e extremamente alta.
Nesse quesito, Pernambuco se destaca entre os outros estados como o que possui
uma maior vulnerabilidade (muito alta e extremamente alta), cenário acentuado
pelo desmatamento. Dados do IPCC mostram, inclusive, que 80% do semiárido pernambucano
são susceptíveis à desertificação. As áreas traçadas pelo MMA integram a
segunda atualização da lista de áreas prioritárias para a conservação,
divulgada recentemente no Diário Oficial da União, por meio da portaria 223. A
última revisão ocorreu em 2006.
O diretor-presidente do Centro de Estudos Ambientais do Nordeste (Cepan),
Severino Ribeiro, afirma que as más práticas de uso do solo aceleram a
desertificação no Estado. Entre elas, a agricultura de corte e queima. Esta foi
apontada como o principal vilão. “O manejo da agricultura de corte e queima
contribui para a redução na qualidade do solo ao provocar processos de erosão.
Esse ecossistema é de difícil recuperação, logo, as pessoas vão partindo para
outras áreas”, explica Ribeiro. Segundo ele, a estimativa é que o Estado perca
70% de áreas agricultáveis até 2050.
O levantamento funciona, na prática, como um “norteador” de políticas públicas
para as administrações estaduais, embora não sejam obrigatórias. As
informações podem ser usadas para qualificar as ações de licenciamento
ambiental, fiscalização e criação de unidade de conservação. Entre as áreas
consideradas prioritárias pelo MMA em Pernambuco, destaque para Serra Talhada,
Petrolina, Floresta, Timbaúba e Araripe, que responde por 90% do polo gesseiro
no País.
Estudo
Em Serra Talhada, por exemplo, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado estuda a
criação de uma Unidade de Conservação de proteção integral nas matas do Veado e
Luanda. “Temos menos de 2% de área de Caatinga ainda conservada no Estado. E
quanto mais áreas protegidas, mais aumentaremos a proteção à
biodiversidade. Ao mesmo tempo que temos mais cobertura vegetal, enfrentamos a
vulnerabilidade às mudanças climáticas e diminuímos o processo de
desertificação no Estado”, acredita o secretário Sérgio Xavier.
Nos últimos quatro anos, o Estado criou o Parque Estadual da Serra do Areal e
Refúgio de Vida Silvestre Riacho Pontal, em Petrolina, e Monumento Natural
Pedra do Cachorro, nos municípios de Brejo da Madre de Deus, Tacaimbó e São
Caetano.
Priscilla Costa, da Folha de Pernambuco