Foi uma tragédia anunciada, após a última do mesmo gênero ocorrido com o rompimento da barragem de Fundão em Mariana.
Era 5 de novembro de 2015, 40 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos de minério de ferro soterraram o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, e percorreram quilômetros até o mar. A tragédia provocou a morte de 19 pessoas, contaminou o Rio Doce, mudou a vida de 500 mil habitantes das mais de 40 cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo atingidas pelo vazamento, que se tornou o maior desastre ambiental da história do país.
Não tem nada que justifique a tragédia do rompimento da barragem do Brumadinho de propriedade da Vale, ocorrido no dia 24 de janeiro de 2019. Temos apenas que lamentar as mortes e os desaparecimentos decorrentes do rompimento da barragem do rejeito da mineração.
O fato é que os esforços dos bombeiros do estado de Minas Gerais serão inúteis para tentar resgatar pessoas em vida. Como afirmou lamentando, o governador de Minas Gerais: "Vamos resgatar somente corpos". Nem mesmo as instalações dos "gabinetes de crise", do Planalto, em Brasília e Belo Horizonte, a essa altura, não servem para nada.
Voltando para traz, a Agência Nacional de Mineração, que é responsável pela fiscalização das barragens de rejeito mineral, afirmou que os relatórios técnicos da Vale garantiam a estabilidade da estrutura de barragem de Brumadinho. Por outro lado, a Vale declarou que fez inspeção das barragens, a última, em dezembro de 2018, pela auditoria independente e nada de anormal encontrou. Isto vai ficar sendo como "verdadeiros" e nada mais.
No Brasil, em especial, muitas coisas não são levados a sério. Uma herança dos portugueses, as empresas são obrigadas a apresentar relatórios, "um monte de papel", que não servem para nada. Do outro lado, os burocratas do governo aceitam e ficam satisfeitos com os relatórios, "um monte de papel", para se livrarem das responsabilidades. Tanto os diretores das empresas como burocratas do governo, se satisfazem com os relatórios, "um monte de papel" para justificarem os seus altos salários.
Três anos depois do desastre ambiental de Mariana, ninguém foi preso. O processo envolvendo executivos da Samarco, Vale e BHP Billiton tramita na Vara Federal de Ponte Nova, ainda sem data para julgamento. Das 68 multas aplicadas por órgãos ambientais, apenas uma está sendo paga (em 59 parcelas). O impacto ambiental permanece, com a contaminação do Rio Doce.
As tragédias, no Brasil, são recorrentes pela negligência dos responsáveis, pelo lado da iniciativa privada e conluio dos burocratas dos governos do outro lado. Se o Brasil fosse um país sério, o presidente da Vale e o diretor da Agência, teriam apresentado suas renúncias, sem antes pedir desculpas às famílias das vítimas e à população. Certamente, num país do primeiro mundo, os responsáveis pela tragédia, seriam responsabilizados pela Justiça.
A impunidade prevalece, enquanto vidas são ceifadas pela ganancia e conivência das “autoridades” que se dizem responsáveis.
Tragédia do Brumadinho é o costumado exemplo do descaso e ganância sobre coisas públicas no Brasil, fato esse que vemos diuturnamente nas manchetes jornalísticas. Vergonha Nacional!
Imagens: Google
Fonte: www.em.com.br
Fonte: ossamisakamori.blogspot.com