Mesmo sendo conhecedor que o
dia Mundial de Combate ao Uso de Agrotóxico é celebrado em diversos países no
dia 03/12, o Grupo Patrulha Ambiental vêm lembrar a toda população que o
consumo de alimentos com alto índice de agrotóxicos só aumenta
consideravelmente a cada dia, desencadeando assim um gigantesco aumento nos
casos de doenças, como câncer, em todas as faixas etárias da sociedade.
Lembrando que existe na
cidade de Araripina uma faculdade de Engenharia Agronómica, onde seus
profissionais são as pessoas qualificadas para elaborar métodos de controle de
pragas e encarregados de esclarecimentos no que diz respeito ao receituário,
descarte de embalagens e procedimentos de segurança.
Segundo Flávia Milhorance a
venda de agrotóxicos saltou de US$ 2 bilhões em 2001 para mais de US$ 8,5
bilhões em 2011 no Brasil. Desde 2009, o país é o maior consumidor mundial
dessas substâncias, com uma média de um milhão de toneladas por ano, o
equivalente a 5,2 kg de veneno por habitante. Para se ter ideia, a média dos
EUA em 2012 era de 1,8 kg por habitante. Na última década, o mercado de
agrotóxicos do país cresceu 190%, ritmo mais acentuado do que o do mercado
mundial no mesmo período (93%).
Nos anos 80, o brasileiro
era exposto a menos de 1 kg de agrotóxico por habitante. Os principais
responsáveis por este aumento são os transgênicos, que requerem grandes
quantidades de pesticidas. Por isso, são as lavouras de soja, cana-de-açúcar e
outras commodities que lideram o ranking de uso de
agrotóxicos. Na agricultura familiar, tomate, pimentão e jiló estão entre os
campeões (Fonte:
Agência O Globo, por Flávia Milhorance).
Seguindo
a legislação que dispõe sobre a pesquisa, Lei 7.802/89 em seu Art. 4º, a experimentação, a produção, a embalagem e
rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda
comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos
resíduos e embalagens, as pessoas físicas e jurídicas que sejam prestadoras de
serviços na aplicação de agrotóxicos, seus componentes e afins, ou que os
produzam, importem, exportem ou comercializem, ficam obrigadas a promover os
seus registros nos órgãos competentes, do Estado ou do Município, atendidas as
diretrizes e exigências dos órgãos federais responsáveis que atuam nas áreas da
saúde, do meio ambiente e da agricultura.
De
acordo com a mesma lei, em seu Art. 10. relata o seguinte: Compete aos Estados
e ao Distrito Federal, nos termos dos arts. 23 e 24 da Constituição Federal,
legislar sobre o uso, a produção, o consumo, o comércio e o armazenamento dos
agrotóxicos, seus componentes e afins, bem como fiscalizar o uso, o consumo, o
comércio, o armazenamento e o transporte interno.
E
prossegue no Art. 11. que cabe ao
Município legislar supletivamente sobre o uso e o armazenamento dos
agrotóxicos, seus componentes e afins.
Entre 2000 e 2012, a cada
ano, o número médio de mortes por câncer entre crianças e adolescentes aumentou nas regiões de Camocim, Baixo Jaguaribe
e Cariri, no Ceará. Já a concentração de casos da doença é maior nas
microrregiões de Ibiapaba, Sobral, Meruoca, Fortaleza e Cariri.
No período, em todo o
estado, foram notificados 3.274 casos de câncer em menores de 19 anos, nos
quais 26,3% tinham idade entre 15 a 19 anos; 23,7% entre 10 e 14 anos; 23,2%
entre 1 e 4 anos; 22,5% entre 5 a 9 anos e 4,2% nem sequer tinham completado o
primeiro ano de vida quando adoeceram. Foram registrados 2.080 óbitos – um
coeficiente de 48 mortes por 100 mil habitantes. A faixa etária com maior
número de vítimas fatais foi a de 15 a 19 anos de idade.
Além do câncer cada
vez mais incidente, respondendo pela maior fatia dos adoecimentos no estado,
essas localidades têm outro ponto em comum: concentram os chamados polos de
irrigação – ou perímetros irrigados –, nos quais a produção de frutas, flores e
leite tem o uso intenso de agrotóxicos.
As conclusões são de uma
pesquisa recente da enfermeira especialista em oncologia Isadora Marques Barbosa, que defendeu
mestrado em Saúde Pública pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em maio passado.
A pesquisadora não descarta
o fato de que o aumento de casos registrados e de mortes esteja relacionado à
melhoria no sistema de notificação. No entanto, pesquisas realizadas em todo o
mundo relacionam a exposição aos agrotóxicos com
o desenvolvimento de diversos tipos de câncer, especialmente de cérebro,
próstata, rins, linfoma não-Hodgkin e leucemia – esses dois últimos mais comuns
entre os registros para a faixa etária estudada no Ceará. E já está
estabelecido que a exposição de grávidas aos venenos no ambiente de trabalho
aumenta as chances de câncer em seus filhos.
Além disso, por questões
nutricionais, fisiológicas e relacionadas ao desenvolvimento, crianças e
adolescentes são mais vulneráveis aos efeitos adversos – agudos ou crônicos –
causados pelos agrotóxicos. A exposição a esses agentes se dá pela
inalação, ingestão ou absorção cutânea. A ingestão pode ser maior em crianças
do que em adultos principalmente pelo hábito de colocar as mãos, muitas vezes
contaminadas, na boca.
“Porém, o fato é que são
grandes as diferenças nas taxas de mortalidade nos polos de irrigação e em
outras localidades, os chamados extrapolos. É relevante que as taxas de
mortalidade venham aumentando nas regiões onde são utilizados agrotóxicos na
produção agrícola principalmente de frutas”, explica Raquel Rigotto, professora do
Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal de Ceará e
orientadora da pesquisa de Isadora.
A hipótese é reforçada por
outro dado do estudo. Nos relatos de casos de crianças e adolescentes doentes
do Baixo Jaguaribe, o fator de risco para câncer mais presente foi o de
exposição a agrotóxicos –
o que pode nortear novas investigações sobre essa possível associação entre
câncer infanto-juvenil e exposições a agrotóxicos.
Os resultados encontrados no
Ceará são semelhantes aos obtidos por pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso,
segundo os quais a exposição aos agrotóxicos da população
matogrossense desde o nascimento está relacionada ao surgimento de câncer e
mortes pela doença em menores de 20 anos (Fonte: Rede
Brasil Atual – RBA, 10-08-2016, reportagem é de Cida de Oliveira).
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