quarta-feira, 29 de junho de 2016

Radiografia aponta 37 áreas em risco na Caatinga

Levantamento apontou pontos passíveis de desertificação no Sertão e Agreste pernambucanos
Fernando Frazão/agência brasil
As classificações no levantamento, feito pelo Ministério do Meio Ambiente, se dividem em três: alta, muito alta e extremamente alta. O Estado tem a maior vulnerabilidade
Uma “radiografia” da realidade ambiental de Pernambuco apontou 37 áreas de Caatinga, entre o Sertão e o Agreste, passíveis à desertificação. As classificações no levantamento, feito pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), se dividem em três: alta, muito alta e extremamente alta. Nesse quesito, Pernambuco se destaca entre os outros estados como o que possui uma maior vulnerabilidade (muito alta e extremamente alta), cenário acentuado pelo desmatamento. Dados do IPCC mostram, inclusive, que 80% do semiárido pernambucano são susceptíveis à desertificação. As áreas traçadas pelo MMA integram a segunda atualização da lista de áreas prioritárias para a conservação, divulgada recentemente no Diário Oficial da União, por meio da portaria 223. A última revisão ocorreu em 2006.

O diretor-presidente do Centro de Estudos Ambientais do Nordeste (Cepan), Severino Ribeiro, afirma que as más práticas de uso do solo aceleram a desertificação no Estado. Entre elas, a agricultura de corte e queima. Esta foi apontada como o principal vilão. “O manejo da agricultura de corte e queima contribui para a redução na qualidade do solo ao provocar processos de erosão. Esse ecossistema é de difícil recuperação, logo, as pessoas vão partindo para outras áreas”, explica Ribeiro. Segundo ele, a estimativa é que o Estado perca 70% de áreas agricultáveis até 2050.

O levantamento funciona, na prática, como um “norteador” de políticas públicas para as administrações estaduais, embora não sejam obrigatórias. As informações podem ser usadas para qualificar as ações de licenciamento ambiental, fiscalização e criação de unidade de conservação. Entre as áreas consideradas prioritárias pelo MMA em Pernambuco, destaque para Serra Talhada, Petrolina, Floresta, Timbaúba e Araripe, que responde por 90% do polo gesseiro no País.

Estudo
Em Serra Talhada, por exemplo, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado estuda a criação de uma Unidade de Conservação de proteção integral nas matas do Veado e Luanda. “Temos menos de 2% de área de Caatinga ainda conservada no Estado. E quanto mais áreas protegidas, mais aumentaremos a proteção à biodiversidade. Ao mesmo tempo que temos mais cobertura vegetal, enfrentamos a vulnerabilidade às mudanças climáticas e diminuímos o processo de desertificação no Estado”, acredita o secretário Sérgio Xavier.

Nos últimos quatro anos, o Estado criou o Parque Estadual da Serra do Areal e Refúgio de Vida Silvestre Riacho Pontal, em Petrolina, e Monumento Natural Pedra do Cachorro, nos municípios de Brejo da Madre de Deus, Tacaimbó e São Caetano. 


Priscilla Costa, da Folha de Pernambuco

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