O período de queimadas já se iniciou em todo o Brasil.
E se falando em queimadas, o bioma caatinga, sofre essas consequências em sua forma plena, pois, além do desmatamento que ocorre com grande frequência para abastecer fábricas e indústrias na região semiárida, o agravamento vem nos meses de julho a novembro, que é quando se intensifica as queimadas (naturais ou criminosas) com os longos períodos de estiagem, baixa umidade relativa do ar, com altas temperaturas e a cultura das conhecidas brocas, que nada mais é que a “queima ou limpeza do solo com o fogo” para o plantio do milho, feijão e mandioca, culturas que mais se adaptam na região.
O ciclo do desmatamento na Caatinga começa nas pequenas propriedades - descapitalizadas e dependentes do carvão - e move as indústrias de gesso e cerâmica no Nordeste, bem como a de ferro gusa - Produto obtido no alto-forno pela reação de redução do minério de ferro com carvão ou coque (combustível derivado do carvão), juntamente com o calcário nas siderúrgicas do Centro-Sul. Os dados do desmatamento na Caatinga, segundo o inédito Projeto de Monitoramento do Desmatamento dos Biomas Brasileiros por Satélite, mostram que o bioma ainda possui 53% de vegetação remanescente (dados do período entre 2002 e 2008, portanto, já bem desatualizados). Uma confirmação de que ainda é possível conservar e fazer o uso sustentável dos recursos naturais do semiárido brasileiro.
O único bioma exclusivamente brasileiro é também a região semiárida mais rica em biodiversidade do planeta. Os dados mais atuais indicam 932 espécies de plantas, 148 de mamíferos e 510 de aves, algumas exclusivas do bioma.
Ocupando 11% do território brasileiro, a Caatinga também apresenta grande potencial de uso sustentável de seus recursos naturais como madeiras, forrageiras, medicinais, fibras, resinas, borrachas, ceras, tonantes, oleaginosas, alimentícias, aromáticas, além de sítios arqueológicos e paisagens consideradas ideais para o ecoturismo.
Voltando às queimadas, o Estado do Ceará apresentou um aumento de 41.8% no número total de focos de queimadas. Em 2018 foram 3.034 locais enquanto o ano passado registrou 4.304. O pior mês foi outubro, quando os dados do Inpe mapearam 1.373 locais com fogo. Devido ao tempo seco e árido que atinge a região nordeste naturalmente durante o segundo semestre do ano, os meses de agosto, setembro e outubro são marcados por uma alta na quantidade de incêndios florestais.
Já no Piauí a situação foi mais grave. O Estado que é dividido entre os biomas Caatinga e Cerrado, registrou, em 2018, 9.431 pontos ativos de queimadas. No ano passado, esse número cresceu 15% e saltou para 10.894. O mês recorde, com 3.137 locais em chamas, foi setembro.
Segundo o pesquisador do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) Roberto Palmieri, há uma riqueza de micro-organismos vertebrados e invertebrados que vivem no solo. Minhocas, aracnídeos, uma série de outros insetos. Eles são eliminados conforme o fogo passa, o calor acaba com eles. E essa fauna do solo é fundamental para manter toda a flora.
Uma flora saudável, depende de um solo rico, nutricionalmente falando, e são os micro-organismos da fauna do solo que mantém essa qualidade.
Já o engenheiro agrônomo pela Universidade de São Paulo (USP), Gabriel Ribeiro Castellano, alguns animais e a maioria dos mamíferos pode, através do olfato, sentir a chegada do fogo e assim conseguem fugir de forma rápida. As aves são menos atingidas porque podem voar, porém ovos e ninhos são destruídos. Existem alguns mamíferos mais lentos que são mais atingidos como tamanduá, bicho preguiça e filhotes de todas as espécies. Após o fogo, com a perda dos habitats, os animais podem morrer por falta de abrigo ou alimento.
A ONG Patrulha Ambiental Itinerante vem buscando junto às autoridades regionais através de publicações em blog e diretamente com vereadores e representantes de associações, a implantação de Brigadas de incêndios nos municípios, pois, através do trabalho desses profissionais seria possível uma redução relativamente importante para a redução dos impactos causados à fauna, flora e população atingida por esses incêndios.
Sem contar que a saúde humana é afetada pelas queimadas diretamente, porque a fumaça proveniente delas contém diversos elementos tóxicos.
O mais perigoso é o material particulado, formado por uma mistura de compostos químicos. São partículas de vários tamanhos e, as menores (finas ou ultrafinas), ao serem inaladas, percorrem todo o sistema respiratório e conseguem transpor a barreira epitelial (a pele que reveste os órgãos internos), atingindo os alvéolos pulmonares durante as trocas gasosas e chegando até a corrente sanguínea.
Outro composto prejudicial é monóxido de carbono (CO). Quando inalado, ele também atinge o sangue, onde se liga à hemoglobina, o que impede o transporte de oxigênio para células e tecidos do corpo.
"Isso tudo desencadeia um processo inflamatório sistêmico, com efeitos deletérios sobre o coração e o pulmão. Em alguns casos, pode até causar a morte", explica o pneumologista Marcos Abdo Arbex, vice-coordenador da Comissão Científica de Doenças Ambientais e Ocupacionais da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Araraquara (Uniara).
As queimadas associadas ao clima seco da estiagem aumentam a incidência de problemas respiratórios na população.
Além de tentar evitar as queimadas através das orientações passadas a população em geral em suas palestras que ocorrem com grande frequência, a Patrulha Ambiental solicita que as pessoas tomem algumas precauções no dia-a-dia, como:
– Tomar bastante líquido, de preferência água, para hidratar o corpo;
– Manter a higiene doméstica, evitando o acúmulo de poeira, que desencadeia diversos problemas alérgicos;
– Dormir em local arejado e umedecido. Pode-se utilizar umidificadores de ar, toalhas molhadas ou reservatórios com água nos quartos;
– Planejar as atividades físicas para o período da manhã (até as 10h) ou para o fim da tarde (depois das 17h);
– Proteger-se da exposição ao sol no período das 10h às 17 horas;
– Usar roupas leves, principalmente quando a temperatura estiver acima de 28°C;
– Evitar banhos com água muito quente, que provocam ressecamento da pele;
– Usar soro fisiológico para olhos e narinas, em caso de irritação;
– Evitar exposição prolongada a ambientes com ar condicionado;
– Pacientes com antecedentes de doenças alérgicas respiratórias, como bronquite e rinite, costumam ter crises com a baixa umidade do ar. É importante procurar um médico e seguir suas recomendações.
A coordenação da Patrulha Ambiental se põe à disposição para demais esclarecimentos, informando que existe em toda a região do Araripe, profissionais capacitados através de curso ministrado por equipe do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais - PREVFOGO que são responsáveis pela política de prevenção e combate aos incêndios florestais em todo o território nacional, incluindo atividades relacionadas com campanhas educativas, treinamento e capacitação de produtores rurais e brigadistas,monitoramento e pesquisa.
Fotos: Carlos Gutemberg
Fotos: Ricardo Mandacaru
Fotos: Patrulha Ambiental
Imagens: Google
Fonte: https://www.mma.gov.br/
Fonte: www.gov.br/ibama
Quando vejo um pequeno incêndio em uma mata é como se alguém penetrace algo em meu coração.
ResponderExcluirImaginem quando uma em grande proporção ,é como se arrancasse um pedaço de mim